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[Resenha] Mara- Uma Mulher Que Amava Mussolini- Ritanna Armeni @editoravestígio

"Embora eu não vá mais a ponte, sinto o rio da vida correr. Plácido como o tibre, não conhece correntezas, saltos, turbilhões nem redemoinhos, não encontra escarpas nem cascatas. Ainda não sabe a qual mar levará suas águas. Embora eu tenha certeza de que chegraá ao mar em algum momento."

Ritanna Armenni é autora de um dos meus livros favorito "As bruxas da noite", e assim como nessa obra em "Mara, uma mulher que amava mussolini" a autora consegue entregar com maestria sua proposta em uma história envolvente sobre momentos históricos, cultura, feminismo, patriarcado, mas acima de tudo sobre a guerra e seus efeitos mais cruéis, espero que gostem da resenha!


Sinopse: Nascida em 1920, Mara tem 13 anos quando esta história começa. Ela vive em Roma, seu pai é lojista e sua mãe, dona de casa. Sua melhor amiga, Nadia, uma fascista convicta, leva Mara para ouvir Mussolini na Piazza Venezia sem o conhecimento de seus pais. Mara é uma menina como tantas outras, gosta de ler e sonha ser escritora ou jornalista quando crescer. Alimenta muitos sonhos e esperanças: estudar literatura latina e tornar-se bonita e independente como sua tia Luisa, com seus pequenos chapéus e seu caminhar rápido e confiante. O futuro parece ao seu alcance, seguro sob os olhos do Duce, cujo retrato é exibido entre duas poltronas em sua sala de estar. Isto é o que Mara pensa de Benito Mussolini, assim como muitos outros italianos que se apressam a ficar sob a varanda na Piazza Venezia. Até que a dúvida se instale, produzindo pequenas rachaduras, abrindo feridas e alterando o destino individual e coletivo. Narrando as histórias das mulheres, seu desejo de liberdade, emancipação, revolução, mas também amor, ternura, família, conhecimento e plenitude: é aqui que reside o verdadeiro talento de Ritanna Armeni.


A história nos contada nessa leitura é de uma jovem de apenas 13 anos que junto de sua família, vizinhos e sua melhor amiga Nádia nutrem um amor e veneração pelo Duce (Mussolini), Mara sonha em contribuir com sua pátria deseja assim como Nádia servir e ajudar enquanto mulher na luta pelo país acreditam firmemente nas ideologias em que foram criadas. Sua cultura e realidade estão muito distantes das que vivemos hoje, em um momento marcante na história da Itália a jovem se dedica a servir seu governante, acredita em suas palavras e sonha com suas promessas.

"Vou pegar o bonde pela manhã e passar o dia assistindo ás aulas. Professores importantes, leitura dos clássicos e bibliotecas, sobretudo bibliotecas"


Com discursos e promessas que prometiam colocar as mulheres em destaque Mussolini conqusitava uma a uma da comunidade em que Mara cresceu, ou seja, a jovem adoslescente não possui outra visão a não ser a que estava inserida, amava o Dulce e procurava seguir suas orientações e pedidos mesmo que isso signifcasse abir mão do seu livre arbitrio.


Durante toda a leitura acompanhamos o desenvolvimento de Mara seu crescimento e também o regime no qual vivia, durante esse período (Guerra) em que a cada dia as coisas ficavam mais dificieis o trajeto da jovem e de todos ao seu redor se torna árduo, a fome e o racionalmento chega, Mara começa a ver pouco a pouco do mundo que conhecia se desfazer e as preocupações se instalam em sua família que nesse momento precisa cada vez mais poupar por não saberem o dia de amanha. Mesmo diante de tudo as convicções e idolatria ao Dulce estavam mais fortes do que nunca, eles acreditavam que ganhariam a guerra e que tudo iria voltar ao normal conforme as promessas do rei.

"É como se estivessemos em uma ponte. Já partimos de uma margem e ainda não chegamos á outra. Nem sequer nos viramos para olhar a que deixamos para trás. A que nos espera está envolta a névoa. Não sabemos o que descobriremos quando a névoa se dissipar. Uma se debruça demais para ver melhor o rio, cai e se afoga. Outra, cansada, senta-se no chão e fica ali, na ponte. As outras, algumas bem, outras mal, passam para a outra margem" Alba de Céspedes, Ninguém volta atrás.


Nádia era a melhor amiga de Mara moravam no mesmo prédio e dividiam um amor imensurável a Mussolini, entretanto Nádia era muito mais fervvorosa em sua devoção, atitude que lhe trouxe consequências inrreversveis, ali naquele bairro ambas dividiam tudo, uma junventude, sonhos e desejos dos mais simples aos mais audáciosos possiveis!


Para além da história de Mara, Armeni nos proporciona uma viagem histórica pela cultura italiana e pela luta feminina, a autora entrega um estudo minuncioso sobre o fascismo e sobre as mulheres facistas que serviram seu país acreditando estarem no caminho certo, aqui enquanto leitores temos a oportunidade de conhecer diversas histórias de mulheres que marcaram esse período na Itália, suas lutas, conquistas, desapontamentos enquanto mulheres, além disso acompanhamos toda a desigualdade presente na sociedade em que estavam incluídas e todo o percurso que traçararam nesse período, em conjunto vemos Mara apaixonada pelo seu lider, iludida por ele, sacrificada pelo seu governo, traída por suas próprias convicções, mas que acima de tudo isso sobreviveu e deu a volta por cima, lutando contra tudo que um dia acreditou ser o correto ela teve a chance de recomeçar, algo que muitas das mulheres de sua época não puderam fazer.

"Mara, uma mulher que amava Mussolini" nos proporciona grandes reflexões sobre o patriarcado presente naquele período, sobre costumes retrógrados em relação ao papel da mulher na sociedade, sobre machismo, feminismo, na obra temos o deslumbre do sufrágio e do voto feminino sendo conquistado ainda que tardio de maneira dolorosa, mas conquistado enfim. É um história forte que marca o leitor principalmente a mulher por abordar sistematicamente seu papel em um período tão contubardo e todas as desigualdades sofridas por elas naquele momento.


"O marido é dono de todo ganho eventual. Os filhos nascidos de relações adulterinas simplesmente não existem, assim como não existe adultério masculino (ao passo que o feminino é punido). enfim os homens severos, vestidos de preto, com barba e olhar pensativo, que a história nos indica como os pais da nação, agem em um patriarcado tão resoluto que paraece natural."


A escrita da autora é fluída, nos mantêm presos em seu enredo , nos cativa e nos fazem querer saber onde tudo vai parar, como a protagonista irá se sair quais suas pretensões futuras a autora de fato nos conquista por meio da história, para os amantes de fatos históricos e sobre a guerra a obra é um prato cheio!


Mara é uma personagem iludida pela sua cultura e criação que acredita fielmente em seu líder o idolatra de maneira exagerada e que por estar nesse meio desde que se entende por gente não consegue ver os trágicos acontecimentos que se seguem, ela persiste quase que até o fim com sua ideologia patriótica e só quando perde tudo, pessoas que amava entre tantas outras coisas percebe a bolha na qual vivia.
"Portanto, não existe mais. Não estou triste, nem pertubada, nem desalentada. Justamente eu, que o amei, adorei, como se ele fosse um pai, como se fosse o mais fiel dos amigos, agora não sinto nada."
O leitor aqui precisa usar de empatia, nossa protagonista só tem aquela realidade disponível é como uma lavagem cerebral para ela a vida era aquilo e aquilo era o correto, é bom vê-la de certa forma após tanto sofrimento despertar para um recomeço, é como se de alguma forma a autora a libertasse de sua prisão particular, gostaria eu que todas as mulhres facistas pudessem ter sido dispertas a tempo!

Espero que tenham gostado!

XOXO

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