[Resenha] O Retrato De Dorian Gray - Oscar Wilde @penguincompanhia

 Finalmente consegui trazer minhas considerações sobre essa leitura que se tornou uma favorita desde que finalizei a obra. Ler o retrato de Dorian Gray era um desejo antigo que não conseguia por em prática e quando finalmente o fiz me senti muito satisfeita e entendi os motivos pelos quais a obra é tão aclamada e considerada.

"Não existe livro moral ou imoral, livros são bem escritos ou mal escritos. Isso é Tudo!"

A história se estrutura inicialmente em um diálogo entre três personagens, Basil um pintor em ascensão, Henry seu amigo de longa data e Dorian um jovem de beleza inestimável. Basil conheceu Dorian a pouco tempo e sente feliz e privilegiado por Dorian aceitar posar para seus quadros, não deseja que nada atrapalhe essa nova amizade, entretanto quando Henry conhece Dorian algo se desfaz e nunca mais volta ao que foi.

Henry passa a influenciar Dorian e a mostrar a vida por um outro ângulo, o curioso é a maneira como esse jovem belo rapaz lida com essas novas informações, ele não estava pronto para encarar a realidade e a recebe de forma abrupta, Henry e Dorian criam uma conexão única, entretanto Basil não desejava que isso acontecesse, no fundo o pintor sabia que essa amizade levaria Dorian a uma vida sórdida, mesmo implorando a Henry foi inevitável.

Publicado em sua versão final em 1891, o livro foi o primeiro sucesso de Oscar Wilde, e ainda hoje consegue fascinar seus leitores, sem dúvida foi assim que me senti ao concluir a leitura fascinada e totalmente envolvida pela escrita e personagens dessa narrativa que se torna a cada página mais interessante, falar sobre essa obra é um privilégio, nela encontramos os traços marcantes de um cenário vitoriano do século 19 e um exemplo extremo da corrupção moral e social de um homem.

Um indivíduo que leva uma vida dupla e comete todo tipo de atrocidade em troca de uma beleza e juventude intocada. Esse segredo, porém, está intrinsecamente ligado ao seu retrato que ele mantêm longe de tudo e de todos, enquanto sua imagem declina no quadro ele segue vivo, lindo e radiante e usufrui dessa beleza de maneiras inimagináveis!

O livro explora outras percepções de forma sutil a homoafetividade, por exemplo, está na escrita descritiva e minuciosa do autor, as questões políticas, sociais e econômicas são brevemente citadas, mas não exploradas a fundo, aqui o autor trabalha temas como o caráter e desenvolvimento pessoal do protagonista e dos que estão ao seu redor. Uma das reflexões mais profundas da leitura é sobre nosso valores morais e como lidamos com o que nos frustra diariamente a certeza de que vamos envelhecer, esquecer, morrer...