[Resenha] S. Bernardo - Graciliano Ramos @globaleditora

Considerado por muitos o livro mais impactante de Graciliano, foi minha segunda experiência lendo algo do autor e como em vidas secas, S. Bernardo também se tornou um favorito por aqui, um livro necessário e muito significativo!

Esse é o segundo romance de Graciliano, publicado em 1934 faz parte da segunda fase do modernismo que vai de 1930 a 45, um momento forte do regionalismo e só tem escritor consagrado nesse período, Graciliano não fica para trás nesse quesito!


Percebo que Graciliano além de abordar questões sociais e econômicas ao falar da fome, da seca e dos problemas que nos cercam, ele também acaba sendo um autor intimista que trata as temáticas de maneira muito psicológica inclusive, S. Bernardo nos apresenta uma narrativa em primeira pessoa, o personagem é Paulo Honório, se passa na década de 30 e nesse período temos a revolução do momento é citada na obra. o espaço da obra é no interior de Alagoas,em Viçosa!

O personagem até onde pude notar é uma figura materialista e capitalista mesmo que não fale muito a respeito durante sua narrativa, sua linguagem vem de encontro com sua ideologia, então a forma como ele nos explica os fatos são muito baseados em suas experiências inclusive suas leituras muito voltadas a agricultura, agropecuária, então o leitor tem uma linguagem mais dura com termos nesse sentido. Ele até nos conta como pensou a obra antes de iniciá-la.

Paulo nos conta então de forma direta e sincera os trajetos de sua vida até se tornar grande latifundiário, ele não mediu esforços para alcançar seus objetivos mesmo que fosse preciso deixar de lado sua ética e escrúpulos. Sendo um homem brutalizado, envolve- se em uma briga é preso, seu maior obejtivo quando sai da cadeia é conquistar uma fazenda e não mede esforços para isso!


E meio a conquistas, armações e assassinatos, amores vividos o leitor é levado pela escrita de Graciliano e pelo talento do escritor que cativa, comove e prende seu leitor de maneira única! Uma das coisas mais marcantes ao acompanhar a narrativa é o momento em que o nosso personagem percebe que ao nos contar a história de sua vida de forma simples, sincera e até bruta ele nota como foi de fato brutalizado, desumanizado, e devido a tudo isso percebe-se incapaz de de auto-transformar e incapaz de encontrar sentido na própria vida.
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