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[Resenha] Deus, O quer de nós? Ignácio De Loyola Brandão @editoraglobal

 Comecei a leitura de "Deus, o que quer de nós" sem nenhuma grande pretensão e fui fisgada para uma narrativa incrível, com uma escrita fluída e precisa Brandão nos carrega para dentro de uma realidade muito atual, seu pano de fundo a pandemia, mas sua história vai para muito além disso.


Sinopse: 40 anos atrás, o autor Ignácio de Loyola Brandão lançou Não verás país nenhum, livro que viria a se tornar um clássico literário. Com uma trama que traça paralelos com a ditatura militar brasileira, a obra mostra São Paulo dominada por um regime fascista, em um contexto ambiental onde as florestas desaparecem queimadas e a água é escassa. O caráter crítico embutido na narrativa de Loyola é clara e explícita, qualidade que sempre pautou as obras do autor e continua a ser uma constante nelas até hoje. Isso fica ainda mais intenso no inédito Deus, o que quer de nós? No livro, o leitor é introduzido em um cenário muito parecido com o da sociedade atualmente: o de uma pandemia. Com uma narrativa que mistura passado e presente, o protagonista Evaristo começa sua jornada enterrando sua mulher, Neluce. A pandemia, chamada de Funesta ou Infame, já dura anos e ele já não tem consciência do que é realidade, sentido e expectativa. Seus sentimentos se misturam e confundem, e o governo, liderado por uma figura que é referenciada como Desatinado ou Destemperado, causa desamparado, confusão e morte. Mestre em criar realidades distópicas, os capítulos de Deus, o que quer de nós? são curtos e a linguagem do livro abusa do uso de ironia para descrever situações absurdas. Na medida em que Evaristo relembra sua vida ao lado da mulher, isolado em seu apartamento, ele tem crises de ansiedade, depressão, ternura e felicidade. Esses sentimentos contraditórios servem não apenas para pontuar as consequências do isolamento e de um governo irresponsável, mas também para mostrar a história de amor dos dois protagonistas, fazendo com que o livro seja, principalmente, sobre humanidade, em todos os sentidos da palavra.

Em Deus, o que quer de nós acompanhamos o personagem Evaristo que logo no inicio da leitura está encarando uma difícil tarefa, enterrar sua mulher Neluce. A partir dai somos levados para uma série de descrições cotidianas entre o presente e o passado da vida do casal, coisas simples do amor entre um homem e uma mulher que estavam juntos há muitos anos. 


No livro a pandemia é denominada por funesta ou infame uma característica da escrita do autor que me chamou a atenção, é nítido o caráter crítico embutido na história e a maneira como o autor nos conduz traz reflexões sobre nosso antigo governo na crise do  covid 19, ou seja, Ignácio relaciona de forma muito intíma sua história com o que vivemos atualmente conectando o leitor de maneira impecável.


Por meio da leitura é possível notar de uma maneira muito peculiar a negligência do governo da sociedade em que nosso protagonista Evaristo está inserido, levando o leitor muitas vezes a confundir com o próprio governo anterior do Brasil. Aqui fica muito claro onde o autor quis chegar com seu novo livro.

A leitura ainda promove bastante emoção no leitor, pois o personagem principal acaba de perder sua esposa para um virus, sua dor é muito viva e presente em suas recordações e isso tudo é ralatado de maneira minunciosa na obra, levando nós enquanto leitores a nos emocionarmos, outro ponto que cativou minha atenção no livro é sobre esse sofrimento de Evaristo que se revala por meio de uma depressão, ansiedade, mas que ao mesmo tempo em seus relatos mostrava alegria e nostalgia ao recordar da esposa.

Tudo isso torna o livro muito significativo, nos trazendo sentimentos de empatia, solidariedade e identificação pessoal com o protagonista, uma leitura valiosa, muito bem escrita que se tornou surpreendentemente positiva por aqui!

Espero que tenham gostado!

XOXO

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